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Assassinato de Marielle é um tiro na intervenção militar

O assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) foi um xeque na intervenção militar no Rio de Janeiro.
Primeiro, por comprovar que o combate ao crime organizado não reside nessa farsa de ocupação de territórios. O crime está instalado no comando do PCC e na Polícia Militar. Dias antes, Marielle denunciou especificamente as violências cometidas pelo 41º Batalhão da PM.
Depois, por ser um desafio ostensivo à intervenção militar no Rio – que, entre suas missões mais relevantes, incluiu a limpeza da Polícia Militar.
Escolheram um personagem símbolo. Marielle era uma unanimidade entre todas as pessoas que a conheceram, dotada de uma empatia única. Jornalistas alternativos, políticos, advogados e procuradores de direitos humanos, todos a retrataram não apenas como a líder política que emergia, mas como uma personalidade cativante.
Os tiros que a atingiram miraram diretamente o interventor militar.
Em suas primeiras entrevistas, o interventor, general Souza Braga, aparentava ser uma pessoa de bom senso. Impediu o showbiz da mídia, não fez desfiles de tanques na avenida Rio Branco, alertou que ocupação de território não funcionava, que o essencial seria a unificação das ações policiais com a supervisão militar.
De certo modo, sabia a armadilha que o governo Temer armou. Mas não soube escapar da sinuca em que o meteram. Deveria inaugurar a intervenção com condenação prévia enfática da truculência e das arbitrariedades contra a população. Antes do primeiro passo, deveria enquadrar a violência.
Em vez disso, a polícia e o exército passaram a praticar a identificação invasiva de pessoas, a invasão de casas e outros procedimentos de exceção – que são regras para as populações mais pobres. Exigiram tribunal militar para crimes de militares contra civis, anunciaram que não haveria comissão da verdade nas favelas – e Marielle trabalhava justamente na montagem dessa comissão.
Esses sinais atiçaram ainda mais os animais que habitam a alma dos justiceiros, das milícias à parte podre da Polícia Militar – claramente hegemônica na corporação. Marielle foi não apenas a consequência desse aumento da violência, como um desafio aberto das milícias e da PM contra o interventor.
Para vencer o desafio, o general terá não apenas que identificar e prender os dois criminosos, como enfrentar uma força armada do 41º batalhão da PM.
Aliás, das pirações institucionais do Rio não escapou nem o italiano Maurizio Giuliano, diretor do Centro de Informações da Organização das Nações Unidas para o Brasil. Entrevistado, afirmou que “infelizmente não chega a surpreender quem acompanha as estatísticas de violência do Estado. No Brasil, um jovem afrodescendente é morto a cada 21 minutos", disse Giuliano em entrevista à BBC Brasil, por telefone, na noite desta terça”.
Uma vereadora símbolo das lutas sociais é executada em plena cidade, o episódio torna-se objeto de comoção internacional, e o bravo Giuliano reduz tudo a uma estatística, Ganha o título de o sem-noção do ano.
fonte: jornalggn.com

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