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Queremos a metade que nos pertence

por Gisele Vargas, professora, presidenta do Sinpaaet
Estudo do Peterson Institute for International Economics, publicado pelo El País em 26 de fevereiro de 2016, sobre o impacto da diversidade de gênero nas empresas, revelou que apenas 4%, das 21.980 empresas (265 brasileiras) analisadas em 91 países, têm uma mulher como presidenta. Nos conselhos de administração dessas empresas, a situação é um pouco pior: somente 3% têm mulheres na presidência. A participação feminina triplica nos cargos executivos e conselhos de administração, nos quais as mulheres alcançam 9% do total.
O mais incrível dessa realidade é que nós mulheres somos mais de 50% do total da população. Em muitos municípios, a proporção de mulheres chega a 54%, como é o caso de Florianópolis – por isso, a capital catarinense deveria ter 12 vereadoras e 11 vereadores. No entanto, não tem uma única vereadora. Essa situação absurda da capital é o padrão existente em Santa Catarina, e não apenas no legislativo: é assim no secretariado dos governos municipais e estadual, no judiciário, polícias, na maioria das empresas e das entidades empresariais. Avançamos nas entidades de trabalhadoras e trabalhadores, nas quais a paridade foi conquistada há alguns anos. O Sinpaaet, sindicato do qual sou presidenta, tem nove mulheres na direção, de um total de 15 diretores. A Confederação (Contee) também segue essa lógica, e da mesma forma a Central Única dos Trabalhadores, que tem presidentas estaduais em Santa Catarina, Minas Gerais e Rio Grande do Norte, e a nível nacional sua direção é composta por 50% de mulheres.

O Brasil descobriu o quanto retrocedeu no que tange a representatividade feminina quando o presidente interino da República apresentou seu ministério, sem nenhuma mulher. A comparação com a situação anterior, do ministério da presidenta Dilma, foi chocante. Esse exemplo, e poderíamos utilizar outros tantos, estampa a violência de gênero promovida pelo Estado quando diz, simbolicamente, que o espaço público é um espaço para/de homens.
A crescente inserção da mulher no mundo do trabalho intensificou fortemente a exploração do trabalho, especialmente a feminina. O subemprego e a precarização salarial são maiores entre as mulheres: ocupamos espaços de inferioridade hierárquica, temos os salários mais baixos, contratos temporários e as nossas condições de trabalho são as mais precárias. Somos vítimas ainda de assédio moral e sexual, prática histórica que somente será eliminada com a alteração radical da dominação masculina existente na hierarquia das empresas, universidades, instituições e entidades.
Queremos a metade que nos pertence por direito: queremos ser diretamente representadas nas entidades empresariais e de trabalhadoras e trabalhadores, em cargos de gestão nas empresas, universidades, nos poderes públicos. Queremos a paridade de gênero em todas as esferas, queremos a participação feminina de acordo com a proporção existente na população. Precisamos sair da esfera do diálogo e efetivar o que vem sendo há tanto tempo debatido.
fonte: contee.org

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