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Encontro da Rede de Mulheres apresenta resultado de pesquisa sobre atuação sindical

 JOR0928
O Encontro da Rede de Mulheres encerrou-se nesta sexta-feira (28/07), após dois dias intensos de intercâmbio com debates para avaliação e planejamento das atividades da Rede, que completou 10 anos.
A Secretária de Relações de Gênero da CNTE, Isis Tavares Neves, conduziu a primeira mesa do dia e em sua fala alertou para a importância de que a questão do empoderamento das mulheres esteja permanentemente em pauta nos sindicatos, e que os mesmos aumentem sua capacidade de interlocução para manter o diálogo e o protagonismo na formulação dos currículos escolares. “Muitos sindicatos entendiam a luta apenas pelo viés economicista, o nosso papel é lutar para que bandeiras estruturantes como a luta das mulheres esteja nas nossas agendas, pois recentemente constatamos que a sustentação ideológica do golpe passa pela escola”, disse.
Pesquisa
Gabriela Bonilla, antropóloga e professora de adultos, apresentou os resultados da pesquisa “Incidência Sindical nas Políticas Públicas para a igualdade: desafios sindicais nas Políticas Públicas”. A Rede de Mulheres Trabalhadoras da Educação da IEAL (Internacional da Educação para América Latina) vem debatendo políticas públicas como instrumentos para disputa do poder sócioeconômico e cultural dos países latinoamericanos e tem investido fortemente nos estudos com enfoque de gênero, partindo do princípio de que a igualdade não é um fato que surge naturalmente, mas deve ser construído em bases políticas, sociais e culturais.

A pesquisa que Gabriela Bonilla apresentou, foi feita a partir da percepção dos sindicatos sobre sua própria participação nas diferentes fases de formulação de políticas públicas para a igualdade de gênero e, para isso, o estudo recuperou os últimos 10 anos de atuação da Rede, em 8 países: Brasil, Argentina, Uruguai, Peru, Colômbia, El Salvador, Costa Rica e República Dominicana.
Foram analisadas as formas de participação dos sindicatos frente às legislações, incluindo proposta e negociação, o debate e mobilização social, a integração dos conteúdos e implicações da legislação sobre o conteúdo da sala de aula e formação sindical, difusão entre as bases após aprovada a legislação e também a oposição, conflito e mesmo a ausência dessa participação por parte dos sindicatos.
Protagonismo sindical
Os dados mostram que os países incluídos na pesquisa conquistaram pelo menos 22 leis relativas a direitos trabalhistas, liberdade sindical e de autonomia econômica. Desse total de leis, os sindicatos tiveram atuação propositiva e de negociação em 15% dos casos, foram capazes de colocar a questão no debate social em 17% e em 18% dos casos conseguiram incluir o conteúdo e as implicações da legislação nos conteúdos programáticos do currículo escolar e na formação sindical. Com relação, especificamente às políticas para erradicação e punição da violência contra as mulheres, os sindicatos atuaram com propostas e negociação em 10% dos casos, em 15% foi possível o debate social e em 23% dos casos difundiram os conteúdos da política entre as bases.
A mesma pesquisa destaca a importância da construção de alianças com os diferentes movimentos de mulheres, assim como a necessidade permanente de defesa da democracia para contar com os mecanismos de participação feminina nas tomadas de decisão.
Sobre a capacidade sindical de promover a criação de políticas públicas com perspectiva de gênero, a pesquisadora disse que "ainda precisamos avançar para dar conteúdo sindical às questões de gênero e conseguir propor políticas públicas que fortaleçam a igualdade de gênero em todas as suas dimensões no mundo do trabalho", observou.
Desafios e estratégias
Os trabalhos realizados durante o Encontro apontaram para o futuro com a continuidade da Rede como instrumento para o fortalecimento sindical. Assim, medidas como garantir que a transversalidade da temática de gênero e análises conjunturais aconteçam em todas as atividades, sistematizar as experiências e fortalecer a estratégia de comunicação da Rede, como também proporcionar formação sindical para mulheres mais jovens com vistas à sustentabilidade, foram aspectos relevantes que resultaram das atividades em grupo e que passam a compor o planejamento para o próximo período.
A professora Fátima Silva, secretária de Relações Internacionais da CNTE e vice-presidenta da IEAL, enalteceu as conquistas da Rede ao longo dos 10 anos, lembrou que o trabalho conjunto proporcionou importantes avanços para as mulheres latinoamericanas, como a criação de várias secretarias de mulheres ou de gênero sendo que, para isso, alguns sindicatos chegaram até a alterar os estatutos. A adoção de uma linguagem inclusiva passou a ser uma marca da Rede e houve mudanças significativas na cultura organizacional dos sindicatos. Alguns países desenvolveram campanhas de sensibilização para o tema e surgiram políticas públicas para uma educação não sexista. “O nosso grande desafio é reforçar, através de políticas estruturantes, uma educação que promova a igualdade entre homens e mulheres, com oportunidades iguais para ambos os sexos. Vivemos o contexto de mundo dirigido por homens, enquanto que a mulher é vista como coadjuvante na construção da sociedade. Para transformar esse modelo patriarcal precisamos de muita determinação, ativismo e engajamento, pois apenas assim poderemos romper com o estereótipo que mantém homens e mulheres em mundos divididos”, concluiu.

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