A
mídia teve acesso a contratos que formalizaram as transferências de mantença da
UniverCidade e da Gama Filho ao Galileo. Ambas são entidades filantrópicas sem
fins lucrativos, e por isso, não podem ser vendidas. Em vez disso, seus antigos
proprietários receberam remunerações para não se tornarem concorrentes do
Galileo. Paulo Gama, um dos ex-donos da Gama Filho, recebeu R$ 26.029.717,56
como indenização para ficar fora do mercado de educação superior por cinco
anos. E mais R$ 1,5 milhão mensais, pelos mesmos cinco anos, para ceder a marca
da faculdade. Já Luiz Alfredo da Gama recebeu R$ 18.571.777,15. Somados, esses
valores chegam a cerca R$ 134 milhões. Para viabilizar a operação, o grupo
ainda criou o Galileo Gestora de Recebíveis, sociedade com o propósito
específico de emitir 100 debêntures no valor de R$ 1 milhão cada. A
contrapartida? As mensalidades do curso de Medicina, o mais caro da UGF.
Já a Associação Educacional São Paulo Apóstolo (Assespa), que controlava a UniverCidade, pertencia ao ex-banqueiro Ronald Guimarães Levinsohn. Na transferência de controle para o Galileo Educacional, ficou estabelecida uma indenização de R$ 100 milhões, na forma de três terrenos, para que o Instituto Cultural de Ipanema e a Associação para a Modernização da Educação — entidades filantrópicas geridas pelo empresário e controladoras da Assespa — ficassem fora do setor de ensino superior durante 30 anos. Levinsohn, porém, garante:
— Esses terrenos nunca fizeram parte da negociação. Eu os comprei com meu dinheiro, mas estavam com a Assespa. A indenização foi apenas uma forma de tirar o terreno da transferência — afirma o empresário.
Veja aqui o histórico da crise do grupo Galileo Educacional.
Já de acordo com Daltro de Campos Borges Filho, advogado de Paulo Gama, a transação envolvendo seu cliente também não foi uma venda. Ele diz que, na visão de Paulo, a Gama Filho precisava estar ligada a um grupo financeiro para sobreviver. A transferência, então, teria sido vista como forma de fortalecer a instituição. Mas as esperadas melhorias não aconteceram e, ironicamente, agora o ex-proprietário está processando o Galileo por falta de pagamentos na indenização firmada.
A crise na UniverCidade, na Gama Filho e em outras faculdades privadas, como a Candido Mendes, foram investigadas na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) por uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) cujo relatório final será analisado pelos deputados nas próximas semanas. De acordo com o documento, o Galileo está afundado em débitos da ordem de R$ 900 milhões. O relatório pede o indiciamento de seis pessoas, entre reitores e ex-controladores de universidades. Um deles é Márcio André Mendes Costa, ex-dirigente do Galileo, responsável pela aquisição Gama Filho e da UniverCidade. Em outubro de 2012, ele passou o grupo para o empresário Adenor Gonçalves dos Santos, que já teve dois CPFs cancelados e coleciona mais de 40 ações na Justiça como réu. Adenor nunca foi visto por professores e alunos.
Os problemas financeiros na UGF são anteriores à transferência de mantença. Mas, desde que o Galileo entrou em cena, a crise se agravou rapidamente. Desde 2011, as mensalidades perderam descontos e subiram, em alguns casos, 40%, dizem estudantes. Cerca de mil professores foram demitidos, segundo o sindicato.
De acordo com Márcio André Mendes Costa, havia docentes ociosos e todas as medidas foram tomadas para resolver o problema de caixa. Ele nega a demissão de mil professores.
— Metade dos professores de Medicina ganhava sem dar aula. Foram 230 demitidos. A gente tem que entender que sem sanear não resolve. Nada justifica a Gama Filho ter uma folha de pagamento do tamanho que ela tinha. Eu recebi a universidade com quase R$ 500 milhões de dívidas dos antigos sócios e procurei revitalizá-la — argumenta o advogado.
Já a Associação Educacional São Paulo Apóstolo (Assespa), que controlava a UniverCidade, pertencia ao ex-banqueiro Ronald Guimarães Levinsohn. Na transferência de controle para o Galileo Educacional, ficou estabelecida uma indenização de R$ 100 milhões, na forma de três terrenos, para que o Instituto Cultural de Ipanema e a Associação para a Modernização da Educação — entidades filantrópicas geridas pelo empresário e controladoras da Assespa — ficassem fora do setor de ensino superior durante 30 anos. Levinsohn, porém, garante:
— Esses terrenos nunca fizeram parte da negociação. Eu os comprei com meu dinheiro, mas estavam com a Assespa. A indenização foi apenas uma forma de tirar o terreno da transferência — afirma o empresário.
Veja aqui o histórico da crise do grupo Galileo Educacional.
Já de acordo com Daltro de Campos Borges Filho, advogado de Paulo Gama, a transação envolvendo seu cliente também não foi uma venda. Ele diz que, na visão de Paulo, a Gama Filho precisava estar ligada a um grupo financeiro para sobreviver. A transferência, então, teria sido vista como forma de fortalecer a instituição. Mas as esperadas melhorias não aconteceram e, ironicamente, agora o ex-proprietário está processando o Galileo por falta de pagamentos na indenização firmada.
A crise na UniverCidade, na Gama Filho e em outras faculdades privadas, como a Candido Mendes, foram investigadas na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) por uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) cujo relatório final será analisado pelos deputados nas próximas semanas. De acordo com o documento, o Galileo está afundado em débitos da ordem de R$ 900 milhões. O relatório pede o indiciamento de seis pessoas, entre reitores e ex-controladores de universidades. Um deles é Márcio André Mendes Costa, ex-dirigente do Galileo, responsável pela aquisição Gama Filho e da UniverCidade. Em outubro de 2012, ele passou o grupo para o empresário Adenor Gonçalves dos Santos, que já teve dois CPFs cancelados e coleciona mais de 40 ações na Justiça como réu. Adenor nunca foi visto por professores e alunos.
Os problemas financeiros na UGF são anteriores à transferência de mantença. Mas, desde que o Galileo entrou em cena, a crise se agravou rapidamente. Desde 2011, as mensalidades perderam descontos e subiram, em alguns casos, 40%, dizem estudantes. Cerca de mil professores foram demitidos, segundo o sindicato.
De acordo com Márcio André Mendes Costa, havia docentes ociosos e todas as medidas foram tomadas para resolver o problema de caixa. Ele nega a demissão de mil professores.
— Metade dos professores de Medicina ganhava sem dar aula. Foram 230 demitidos. A gente tem que entender que sem sanear não resolve. Nada justifica a Gama Filho ter uma folha de pagamento do tamanho que ela tinha. Eu recebi a universidade com quase R$ 500 milhões de dívidas dos antigos sócios e procurei revitalizá-la — argumenta o advogado.
Fonte: O Globo Educação, em 14/8/2013.
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