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Líderes de atos contra a ditadura avaliam luta atual

 

Antigos presos políticos, Cid Benjamin e Vladimir Palmeira não criticam fato de movimento ser apartidário, mas repudiam hostilidade a bandeiras e falta de pautas

 

CHRISTINA NASCIMENTO
Rio - O ano é 1970. No grupo de 40 presos políticos que foi solto em troca do fim do sequestro do embaixador da Alemanha, Ehrenfried von Holleben, estava o jovem Cid Queiroz Benjamim, 22 anos. Hoje, aos 65, ele está nas ruas engrossando os protestos que começaram na internet pela redução da passagem de ônibus. Não é um saudosista, afinal o cenário é bem diferente da época de opressão militar. Apoiado na sua experiência, não critica o apartidarismo do movimento atual. Apenas a hostilidade a bandeiras.
“Estou achando esses jovens, em termos de condução política, corretos, firmes e lúcidos. É evidente que o perfil do universitário daquela década para cá mudou muito. Atualmente, com o sistema de cotas, existe acesso maior de classes que eram excluídas”, analisou Benjamim, que é jornalista e assessor de imprensa da Comissão da Verdade no Rio. Se na década de 60, as bandeiras da esquerda alimentavam o movimento, agora elas não são bem-vindas pela maioria. Mas, para o ex-preso político, isso não desqualifica a mobilização: “Ser apartidário é uma coisa positiva. Só não a cabe a hostilidade a quem não é, o que, aliás é gravíssimo”.
Preso também durante a ditadura, o professor e ex-deputado federal Vladimir Palmeira, 68 anos, fez questão de acompanhar o filho no último protesto no Rio, na quinta-feira. Apesar de certo de que o ato político pode trazer mudanças sociais importantes, ele questiona a falta de organização do movimento, mas também não vê problemas no ato não ter uma legenda partidária que os represente.
“Acho que o fato deles garantirem que não vai ter aumento por um tempo dá um fôlego, mas bombearam quando não definiram uma pauta específica de reivindicações. Já deveriam ter feito esse debate em plenárias, com convocações da população. Falharam neste sentido”, critica.
Para os estudantes, intenção é aprofundar conquistas anteriores
A democracia em pauta é o fio condutor para o mergulho nos anos 60. Se antes a luta era pela liberdade e a participação, hoje o pleito é o direito de exercer plenamente essa conquista com o fim da ditadura. É o que acredita o historiador Gabriel Siqueira, 24 anos, um dos representantes no Rio do Movimento Passe Livre.
“O cidadão quer ser participativo neste sistema democrático. Ele quer ser ouvido, questionado, dar opiniões. Não basta apenas votar, queremos ser consultados sobre as concessões nos transportes públicos, nas votações de medidas nas áreas de saúde e educação”, afirmou.
Para o universitário Kauê Fernandes, 25 anos, da Universidade Federal Rural do Rio, o que há de similar com as décadas de 60 e 70 é que a força de segurança continua rechaçando os manifestantes que estão em atos pacíficos: “Os vândalos devem ser presos, mas tem muita gente de bem que está com medo de ir para os atos por causa da arbitrariedade dos agentes de segurança”, comenta o estudante.

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