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Em crise, universidades particulares do Rio têm dívida de R$ 900 milhões

Felipe Martins
Do UOL, no Rio de Janeiro
26/02/201317h43 > Atualizada 26/02/201317h49
A crise que atinge duas das maiores redes de ensino superior privado do Rio de Janeiro, a Gama Filho e a UniverCidade, ganhou um novo capítulo nesta terça-feira (26) com o depoimento de Alex Klyemann, presidente do Grupo Galileo Educacional, mantenedor das duas instituições, à CPI das Universidades Privadas.
Estudantes de medicina protestam contra Gama Filho na retomada da CPI
Klyemann foi ouvido pelos integrantes da comissão por cerca de duas horas e meia na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro). Ele reconheceu o montante total da dívida, mas não informou o valor do débito com os professores e demais funcionários e também não soube precisar se as instituições recolhem e descontam o imposto sindical dos profissionais de educação.  Ele alegou o “pouco tempo” da nova administração da Galileo, desde outubro de 2012, como motivo para a falta de detalhamento das informações.
Questionado sobre o fato de um grupo econômico assumir o controle de empresas com uma dívida dessa magnitude, Klymann disse que não tinha o conhecimento do valor total da dívida ao assumir a presidência.  “Não tinha noção do débito, mas acho possível a equação dessa dívida. Acredito muito no resgate dessas duas instituições”, disse.
O Grupo Adenor Gonçalves adquiriu o controle da Galileo Educacional em outubro de 2012. O conglomerado é controlado pelo pastor evangélico Adenor Gonçalves dos Santos, representante da Igreja Batista Internacional no Brasil. É composto por empresas de segmentos da área de construção civil, distribuição de medicamentos, além de emissoras de rádio e até petrolíferas voltadas para o pré-sal, cuja exploração ainda está por começar. 
A CPI convocou o empresário Adenor Gonçalves para prestar depoimento no dia primeiro de março.

Atrasos e irregularidades

Sobre o recolhimento da contribuição sindical, o presidente do Grupo Galileo afirmou que tratou do assunto com o Sinpro-Rio (Sindicato dos Professores do Rio de Janeiro).  O presidente do sindicato, Wanderley Quêdo, presente à reunião extraordinária da CPI, no entanto, ao ser chamado a falar negou a afirmação de Kleymann, afirmando que no encontro trataram apenas das demissões dos professores.Kleymann prometeu que os salários atrasados, 50% de dezembro e o integral de janeiro, seriam pagos ainda hoje.

Qualidade

O presidente da Galileo admitiu ainda que o corpo docente dos cursos de Ensino à Distância e de Pós-Graduação da Gama Filho são terceirizados, pertencentes à empresa Central de Cursos, sediada em São Paulo. O relator da CPI, deputado estadual Robson Leite (PT) perguntou se Klyemann sabia que esse tipo de contratação é ilegal. “Cheguei em cinco de novembro de 2011 e ainda estou analisando os contratos”, respondeu.
Procurado pela reportagem do UOL, o Ministério da Educação informou que há irregularidade quando o professor não tem contrato firmado por meio do CNPJ da empresa mantenedora.

Crise se agravou em 2012

A crise na Universidade Gama Filho e na Univercidade se agravou em 2012. Cerca de 600 professores foram demitidos segundo informações do sindicato. O grupo Galileo confirma 410 profissionais de educação mandados embora. Muitos dos professores demitidos ainda não receberam o dinheiro referente à rescisão de contrato.
Em abril, professores da Gama Filho e Univercidade cruzaram os braços em uma greve que durou cerca de um mês.  De acordo com os docentes, parte dos salários de dezembro, janeiro e março e também o 13º salário de 2007 estavam atrasados.

Alunos de medicina da Gama Filho continuam sem saber onde farão aulas práticas

Felipe Martins
Do UOL, no Rio de Janeiro
26/02/201317h44 > Atualizada 26/02/201320h36
Em depoimento à CPI das Universidades Privadas, o presidente do grupo Grupo Galileo Educacional, Alex Klyemann, não deu prazo para solução do impasse quanto à volta das aulas práticas do curso de medicina da Universidade Gama Filho na santa Casa de Misericórdia. Em janeiro de 2012 o Grupo Galileo, controlador da Gama Filho e da UniverCidade, anunciou o rompimento do convênio com a Santa Casa, mas foi retomada a parceria ainda naquele ano para que os alunos não perdessem o ano letivo. "Ainda não tenho solução. Ainda não conversei com ninguém da Santa Casa, pretendo fazer isso na próxima semana", afirmou.
Estudantes de medicina protestam contra Gama Filho na retomada da CPI
O presidente da CPI, deputado Paulo Ramos (PDT), questionou o motivo da manutenção do impasse, mesmo tendo se passado três meses desde que o controle do grupo passou para uma nova direção. "Estamos equacionando caso a caso os problemas. Equacionamos a inadimplência com a Secretaria de Saúde, zeramos a inadimplência com o Hospital da Aeronáutica. Vamos começar a examinar a questão da Santa Casa".
Klyemann disse que a solução das dívidas com a Prefeitura e com a Aeronáutica, possibilitarão a regularização das aulas práticas dos estudantes. A afirmação , no entanto, foi refutada pelo representante do Sindicato dos Médicos, Jorge Luiz do Amaral, também professor da Gama Filho na Santa Casa.
"O município só recebe alunos do 10º ao 12º período. As unidades da rede municipal de saúde não têm professores regulamentados pelo Ministério da Educação. Um professor contratado por uma unidade privada de ensino não pode dar aula na rede pública", disse.
Respondendo ao professor, o presidente do Grupo Galileo afirmou que os estudantes ao chegarem à rede pública para estágio serão recebidos por preceptores contratados.

Protestos dentro e fora da Alerj

Quando a reunião extraordinária se caminhava para o fim, o clima esquentou quando o relator da CPI deu a palavra a Rafael Iwamoto, 25 anos, estudante do quarto período e presidente do Camed (Centro Acadêmico de Medicina da Gama Filho). "Essa pessoa que está ao seu lado (falando para o presidente do Grupo Galileo) é a minha mãe. Gostaria que você olhasse para ela e dissesse por que o filho dela não vai se formar em medicina", bradou, ganhando aplausos de professores e pais de alunos presentes à CPI.
Nas escadarias da Alerj, um grupo de estudantes da Gama Filho e da Univercidade protestava contra a Galileo Educacional. O presidente da UEE (União Estadual dos Estudantes), Igor Mayworm, criticou o depoimento de Klyemann. "De uma maneira desrespeitosa, o representante da Galileo afirmou desconhecer os problemas graves que a comunidade acadêmica vem sofrendo como atraso dos salários dos professores, não pagamento de convênios. Como se pode formar um neurocirurgião sem nunca ter contato com o paciente?", questionou. "O MEC precisa se posicionar contra os absurdos que acontecem em instituições como essa", completou." 

Crise se agravou em 2012

A crise na Universidade Gama Filho e na Univercidade se agravou em 2012. Cerca de 600 professores foram demitidos segundo informações do sindicato. O grupo Galileo confirma 410 profissionais de educação mandados embora. Muitos dos professores demitidos ainda não receberam o dinheiro referente à rescisão de contrato.
Em abril, professores da Gama Filho e Univercidade cruzaram os braços em uma greve que durou cerca de um mês.  De acordo com os docentes, parte dos salários de dezembro, janeiro e março e também o 13º salário de 2007 estavam atrasados.
Em maio, foi a vez dos alunos protestarem. Cerca de mil estudantes fizeram manifestação no campus da Gama Filho na Piedade, bairro da zona norte do Rio, contra a falta de infraestrutura da unidade e a demissão de professores e aumento das mensalidades. Banheiros sem água, lixo acumulado nas salas de aula eram algumas das reclamações.
Ao longo do ano, cinco campi das instituições foram fechados, quatro por ordem de despejo. Alunos reclamam o aumento do tempo de deslocamento de casa à faculdade. "Eu desde que fui transferido passei a levar uma hora e meia no trajeto de casa à faculdade, antes levava penas meia hora", disse Ana Paula Santos, que estudava no campus Freguesia, na zona oeste, e foi deslocada para Madureira, na zona norte da cidade.
No início de 2013, mais 70 professores foram demitidos. Gama Filho e Univercidade têm, juntas, quase 34 mil estudantes.

Em maio, foi a vez dos alunos protestarem. Cerca de mil estudantes fizeram manifestação no campus da Gama Filho na Piedade, bairro da zona norte do Rio, contra a falta de infraestrutura da unidade e a demissão de professores e aumento das mensalidades. Banheiros sem água, lixo acumulado nas salas de aula eram algumas das reclamações.
Ao longo do ano, cinco campi das instituições foram fechados, quatro por ordem de despejo. Alunos reclamam o aumento do tempo de deslocamento de casa à faculdade. “Eu desde que fui transferido passei a levar uma hora e meia no trajeto de casa à faculdade, antes levava penas meia hora”, disse Ana Paula Santos, que estudava no campus Freguesia, na zona oeste, e foi deslocada para Madureira, na zona norte da cidade.
No início de 2013, mais 70 professores foram demitidos.  Gama Filho e Univercidade têm, juntas, quase 34 mil estudantes.


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